O processo de transformação digital dos professores durante a pandemia do COVID-19

Aulas remotas

Nos últimos meses, a pandemia do COVID-19 virou o mundo de cabeça para baixo, instaurando um cenário de incertezas e mudanças abruptas por todos os lados. Sem dúvidas, uma das áreas mais afetadas foi a educação, em função do fechamento das escolas. 

Nesse contexto, com a necessidade do isolamento social para conter a transmissão da doença, o que vimos foi uma aceleração forçada do processo de transformação digital do ensino, com grande pressão sendo exercida sobre os professores.

A missão não era nada fácil: com os alunos em casa, como fazer para adaptar as aulas para o formato remoto e manter a qualidade e avanço do aprendizado? Que metodologias e técnicas poderiam ser aplicadas? Quais ferramentas seriam as ideais? O uso da tecnologia estava apenas engatinhando no sistema escolar, de maneira que foram necessárias grandes mudanças.

Preparamos este artigo para contar um pouco mais sobre essa transformação digital vivenciada pelos educadores, com algumas boas práticas já desenvolvidas e exemplos de ferramentas utilizadas. Confira!

O que é um processo de transformação digital?

Para identificar como a transformação digital foi acelerada, precisamos compreender o que ela é e como foi sendo construída ao longo dos anos. Muitos entendem que ela nada mais é do que a utilização de tecnologias a fim de otimizar o trabalho.

Embora esse conceito não esteja errado, ele é apenas a ponta do iceberg: a transformação digital é um processo profundo e que vem ocorrendo há anos, tanto a nível nacional quanto mundial. Ele gera uma mudança de hábitos e uma criação de uma nova cultura que traz a tecnologia para todas as esferas do comportamento humano.

Isso quer dizer que ela está presente não só no contexto de trabalho, mas também no dia a dia pessoal, familiar e relacional, trazendo o uso de soluções digitais inovadoras para superar os desafios — como este que vivemos atualmente.

A transformação digital é sustentada por três pilares: o potencial humano, considerando a construção de ferramentas que auxiliam no cotidiano, a tecnologia em si e a cultura digital como principal agente da transformação.

Como ele é acelerado durante a pandemia do COVID-19?

Esse processo é algo que já estava acontecendo dentro das escolas, ainda que devagar. Com a nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular), diversas instituições se depararam com a necessidade de incentivar o uso das tecnologias e alinhá-las aos objetivos pedagógicos, buscando formar alunos que dominam as inovações.

Entretanto, o isolamento social acelerou muito a utilização de ferramentas pelos professores, estudantes, diretores e até familiares envolvidos no ensino-aprendizagem. Com a situação emergencial das aulas remotas, tendências que levariam anos para se tornarem realidade chegaram para ficar de vez.

No entanto, isso veio acompanhado de impactos e desafios fundamentais na forma de trabalho dos educadores, aumentando expressivamente sua carga de trabalho. Quase que da noite para o dia, surgiram inúmeros contratempos:

  • aprender a usar as diferentes ferramentas de comunicação, como Zoom e Google Classroom;
  • adaptar as metodologias de ensino e gravar videoaulas;
  • lidar com a falta de uma estrutura ideal, equilibrando as aulas com a presença dos próprios filhos em casa;
  • manter os alunos atentos e participativos durante as aulas e até mesmo fazê-los ligar a câmera do computador ou celular;
  • incluir estudantes que não têm acesso à Internet de qualidade ou dispositivos que possibilitam sua participação.

Esses desafios ficam muito claros na pesquisa do Instituto Península, que mostrou que os educadores do Brasil estão mais sobrecarregados desde o início da pandemia, resultando no aumento do nível de estresse e ansiedade. Essa transformação de rotina, embora necessária, aconteceu de forma rápida e colocou-os sob pressão.

Existem maneiras de garantir um bom processo de transformação digital?

Com todos os desafios em mente, é natural questionar-se sobre as melhores práticas para garantir uma boa transformação digital, reduzindo o esgotamento durante o processo e colhendo apenas os frutos saudáveis da utilização das inovações. Então, como fazer isso de forma eficaz?

Nos próximos tópicos listamos as melhores dicas para você modificar sua metodologia de ensino de forma rápida e adaptada ao cenário atual, buscando não só melhores resultados profissionais, como também a construção de uma aprendizagem ética e de qualidade. Veja abaixo!

Identifique as melhores práticas para montar um plano de aula remota

Você já ouviu falar sobre metodologias ativas, certo? Essa forma de ensino ocorre por meio do protagonismo dos alunos durante as aulas, envolvendo-os com perguntas, atividades e jogos que ativam a curiosidade e interesse pelos temas. Assim, eles passam a ser agentes fundamentais na construção do conhecimento.

Diante do ensino remoto, captar a atenção dos pequenos e ajudá-los a vivenciar essa transição com maior facilidade é um dos grandes objetivos — e desafios — dos professores. Então, por que não utilizar práticas que realmente auxiliam na conquista dessas metas? Investindo nas ferramentas corretas, é possível montar um plano de aula remota eficaz.

Existem dois pontos fundamentais para a criação do seu plano com base nas metodologias ativas: as avaliações e as relações estabelecidas com a escola, famílias e colegas de trabalho. Para garantir boas avaliações, você pode:

  • elaborar pequenos questionários;
  • montar portfólios com a turma;
  • dividir as entregas em pequenas etapas que resultam em uma grande nota;
  • incentivar a autoavaliação, em que os alunos podem construir um feedback próprio sobre seus estudos.

Por fim, cuidar das relações com a escola, famílias e colegas diz respeito ao treino de competências socioemocionais como empatia e comunicação não-violenta. Aproveite as reuniões institucionais para compartilhar os seus desafios e compreender a realidade dos participantes.

Ainda, você pode utilizar ferramentas de contato, como o e-mail, para conversar com os pais ou responsáveis e entender quais são as dificuldades que eles enfrentam durante a pandemia. Isso auxilia na construção de um plano que considera a realidade dos alunos e incentiva os pais a recorrerem à instituição caso identifiquem alguma dificuldade de aprendizado.

Conheça as ferramentas mais utilizadas

Você lembra dos três pilares da transformação digital? Um deles diz respeito ao uso da tecnologia propriamente dita, ou seja, à aplicação das ferramentas virtuais que auxiliam o desenvolvimento de um bom trabalho. Para montar um plano de ensino remoto, é essencial conhecê-las.

Afinal, são elas que ajudarão na construção de aulas dinâmicas e na participação ativa dos alunos, que podem completar atividades, compartilhar suas respostas e oferecer um feedback quase que instantâneo ao professor. Uma escola de São Paulo utilizou a plataforma Teams, da Microsoft, para reajustar a abordagem de ensino e teve excelentes resultados.

Os alunos e os educadores acessam a sala virtual e se comunicam por áudio ou mesmo pelo chat disponibilizado na plataforma. Além disso, há o recurso de gravação de tela para que os professores possam compartilhar a videoaula no Google Classroom, auxiliando os estudantes que não conseguem acessar a sala ao vivo.

É possível escolher diversas ferramentas e utilizá-las em conjunto para prender a atenção dos alunos, como:

  • WhatsApp: grupos e listas de transmissão sobre os conteúdos, criando um chat para que os estudantes falem sobre suas necessidades e dúvidas;
  • Google Meet: aulas ao vivo que suportam até 100 pessoas simultaneamente;
  • Google Forms: aplicação de provas, simulados e avaliações;
  • Microsoft Teams: trabalho em equipe por meio do chat ou vídeo, permitindo o compartilhamento de arquivos;
  • Kahoot: montar quizzes com os alunos e gamificar a aula;
  • YouTube: vídeos da rede podem ajudar a explicar melhor os conteúdos.

Ainda que a pandemia do COVID-19 tenha apresentado inúmeros momentos desafiadores aos professores, a perspectiva para o futuro é de ainda mais crescimento e avanço profissional. Com a aceleração do processo de transformação digital, é esperado que os educadores dominem as novas ferramentas para proporcionar um ensino que engaja os alunos, sem perder de vista o seu bem-estar.

E então, gostou do nosso conteúdo? Aproveite para continuar aprofundando seus conhecimentos e confira as melhores dicas que separamos para você cuidar bem da sua voz!