É super natural querer estar na moda ou simplesmente procurar combinar o calçado com o restante da roupa. Contudo, esse simples ajuste estético pode representar um erro no cuidado com a saúde e o bem-estar dos professores. Um clichê das salas de aula sugere que a voz é a ferramenta de trabalho do professor. Verdade! Porém, todo o corpo dos nossos mestres é posto para trabalhar durante um dia de aula.
Lembre-se das jornadas com várias horas em pé, andando pelas salas de aula, subindo as escadas, muitas vezes alternadas com momentos dirigindo, se esticando para escrever naquele canto alto do quadro e carregando bolsas e mochilas com o material de trabalho. O corpo dói só de pensar nisso… Ou seja, além do esgotamento da voz o professor corre riscos de constantemente sentir dores na coluna e nos pés.
Uma dica simples, mas eficaz, é ficar atento à escolha do calçado antes de sair para dar aulas. Nem sempre os mais bonitos são os mais adequados. Sapatos confortáveis ajudam os professores a pisarem com o pé direito (e o esquerdo) na sala de aula.
Mas quais serão os calçados mais adequados?
Segundo Marcus Yu Bin Pai, fisiatra, médico especialista em dor e acupuntura do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os calçados mais adequados são aqueles projetados para oferecer não só conforto, mas grande apoio e estabilidade para quem estará de pé ou caminhando o dia inteiro.

“Ao escolher sapatos para professores é importante considerar o seu estilo, a construção e o suporte. Existem diferentes combinações de largura, comprimento e tipo de arco de um pé, variando por pessoa. Para andar o dia inteiro em seus sapatos confortavelmente, é preciso que eles tenham um bom apoio de arco e amortecimento para evitar sobrecarga nos pés e na coluna. Para as mulheres, é importante usar um saltinho baixo. Para os homens, se precisar usar sapato social, um solado de borracha ajuda no conforto”, indica Marcus Yu Bin Pai.
Você, professor, que considera que os sapatênis são boas escolhas, errou feio! Assim como as sapatilhas, os sapatênis não possuem suporte adequado de arco, além de serem muito planos, se tornando desconfortáveis para quem fica em pé por longos períodos. Isso significa que pode ser preciso violar a estética para garantir a saúde e a longevidade da carreira. Às vezes, o bom e velho tênis para praticar esportes, mesmo sem combinar muito com a roupa, será a melhor opção para os professores que não podem sentar durante as aulas, que enfrentam longas jornadas ou que já sentem desconforto nos pés, pernas e coluna.
Um estudo realizado na Universidade de Pernambuco, no campus da cidade de Petrolina, em 2014, analisou a incidência de distúrbios musculoesqueléticos em professores e encontrou que as áreas mais afetadas eram o pulso, o ombro e as costas. Esse mesmo estudo mostrou que 86% dos educadores da universidade tinham dores musculoesqueléticas. Esses resultados evidenciam como é importante a prevenção no dia a dia, especialmente numa carreira de longa duração como o magistério. Por isso, pisar bem é importante para pisar sempre sem dor.