A dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula e atinge entre 5% e 17% da população mundial, segundo a Associação Brasileira de Dislexia. A entidade define dislexia como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração. Alunos portadores de dislexia sofrem com as diversas demandas diárias dentro uma sala de aula e, por vezes, suas dificuldades passam despercebidas por alguns professores por mero desconhecimento. Uma das maiores dificuldades para os educadores é saber avaliar o aprendizado de um aluno com essa condição. Identificados os sintomas, qual seria o melhor método para preparar provas para esses estudantes com dislexia?
Segundo a presidente da Associação Brasileira de Dislexia, Maria Ângela Nogueira Nico, que também é fonoaudióloga e psicopedagoga clínica especialista em dislexia, a melhor forma de avaliar um aluno com esse transtorno de aprendizagem é fazer provas orais, pois as principais dificuldades dos disléxicos são justamente leitura, compreensão e escrita. Quando não há como eliminar as provas escritas, uma solução é complementá-las com verificações orais, perguntando aos alunos o que eles quiseram dizer numa resposta.
“Já as provas de texto, devem ser divididas em partes menores. Nas provas de matemática, física e química, deve ser permitido o uso de calculadoras, pois dificilmente eles conseguem decorar a tabuada e as fórmulas. O ideal é aplicar as provas em uma sala separada do restante da turma e com a presença de um leitor”, explica Maria Ângela Nico.
Diferente do que se possa pensar, não é necessário que alunos disléxicos fiquem em uma classe especial. Os professores, em primeiro lugar, devem conhecer esse transtorno específico de aprendizagem para melhor ajudar os seus educandos e acolhê-los. Ouvir as defesas que supostos maus alunos fazem de seus desempenhos em vez de desacreditá-los e rotulá-los deveria ser natural. Outra dica é saber valorizar – junto com as avaliações convencionais – todas as participações e esforços dos alunos com dislexia durante as aulas e na hora das provas, para assim julgá-los da maneira mais justa possível.
Tecnologias, antigas e novas, podem ser sugeridas e utilizadas. Em alguns casos, um simples lápis e/ou uma régua pode ajudar o estudante a ler com mais controle, sem saltar linhas ou esquecer de prestar atenção em palavras mais complicadas. Além disso, há hoje fontes desenvolvidas para facilitar a leitura de textos por pessoas com dislexia, incluindo opções gratuitas como a Open Dyslexic.
Para minimizar as dificuldades de um aluno disléxico, ele deve ser encaminhado para uma avaliação multi e interdisciplinar, composta por profissionais da neuropsicologia, fonoaudiologia e psicopedagogia, além dos exames complementares, tais como: audiometria, processamento auditivo, processamento visual e avaliação neurológica clínica. Com o resultado dessas avaliações, o aluno poderá passar por intervenções fonoaudiológicas, psicopedagógicas e/ou psicológicas.
“O professor e a instituição de ensino, sozinhos, não conseguirão minimizar os sintomas desse quadro. Entretanto, eles possuem um papel fundamental na percepção dos sintomas iniciais de estudantes com dificuldades de aprendizagem e realizar o devido encaminhamento para avaliações multi e interdisciplinares, além de acolhê-los. E, com as supervisões dos profissionais responsáveis pelo acompanhamento do caso em questão, oferecer o acesso às Necessidades Educacionais Especiais, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão”, destaca a presidente da Associação Brasileira de Dislexia.
Confira os principais sinais de alerta da dislexia na idade escolar:
- Dificuldade de leitura e escrita;
- Dificuldade de memorização e na automatização dos processos de leitura e escrita;
- Dificuldade na consciência fonológica;
- Velocidade da leitura abaixo do esperado para a idade;
- Dificuldade na compreensão e na interpretação de textos;
- Escrita com muitos erros ortográficos;
- Demora demasiada na realização de trabalhos em sala de aula;
- Não gostar de ir para a escola ou de realizar tarefas relacionadas;
- Apresenta “picos” de aprendizagem.
Verdades sobre a dislexia:
- Dislexia é uma deficiência de aprendizagem baseada na linguagem;
- Dislexia é hereditária e para a vida toda;
- Dislexia é mais comum do que as pessoas pensam;
- Até a idade escolar, a dislexia pode não ser tão óbvia;
- Não existe uma solução única para todos e a deficiência em si não é tão simples quanto parece;
- Para os alunos com dislexia, algumas palavras e atividades são mais difíceis que outras;
- Use ajustes e adaptações com sabedoria, mas com moderação;
- Estratégias que funcionam com alunos com dislexia ajudam todos os estudantes;
- Incentivar os alunos com dislexia pode realmente fazê-los ganhar o dia.
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Boa tarde. Estava conversando com outra psicopedagoga acerca da liberação da calculadora pela dificuldade na memorização da tabuada, quando ela questionou concursos públicos. Como agir nesses casos?
E a dislexia em adultos? Há estudos direcionados para esse público? Como identificar os sintomas e como lidar com eles?
Como fazer o diagnóstico em adultos?
Uma pessoa com dislexia é capaz de cursar uma faculdade?